RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DO MEDICAMENTO
1.DENOMINAÇÃO DO MEDICAMENTO
Foscavir 24 mg/ml, solução para perfusão
2.COMPOSIÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA
Solução para perfusão intravenosa.
1 ml contém 24 mg (80 µmol) de foscarnet trissódico hexa-hidratado*, ácido clorídricoq.s. e água para injectáveis q.s.. A solução é estéril, límpida e isotónica, com pH de 7,4.
* Foscarnet sódico (rINN), ou fosfonoformato trissódico hexa-hidratado, ou sal trissódicohexa-hidratado do ácido fosfonofórmico.
3.FORMA FARMACÊUTICA
Solução para perfusão .
4.INFORMAÇÕES CLÍNICAS
4.1Indicações Terapêuticas
Terapêutica de indução e manutenção da retinite por citomegalovírus (CMV) em doentescom SIDA.
Foscavir está também indicado para o tratamento de infecções a CMV no tractogastrointestinal superior e inferior associados à SIDA.
Foscavir® está também indicado para o tratamento de infecções provocadas pelo vírus
Herpes Simplex (HSV), resistentes ao aciclovir, em doentes imunocomprometidos. Asegurança e eficácia do Foscavir® no tratamento de outras infecções por HSV (e.g.,retinite, encefalite), doença congénita ou neonatal ou HSV em indivíduosimunocompetentes não foram estabelecidas.
O diagnóstico da resistência ao aciclovir pode efectuar-se quer clinicamente, portratamento com aciclovir por via intravenosa (5-10 mg/kg t.i.d.) durante 10 dias sem quesurja uma resposta, quer por testes in vitro.
4.2Posologia e modo de administração
Modo de administração
Foscavir deve ser administrado exclusivamente por via intravenosa, tanto numa veiacentral como numa veia periférica.
Quando se utilizam veias periféricas a solução de Foscavir a 24 mg/ml deve ser diluídapara uma concentração de 12 mg/ml, imediatamente antes da administração, comdextrose a 5% ou uma solução salina normal.
A solução de Foscavir a 24 mg/ml pode ser administrada sem diluição numa veia central.
Adultos
Terapêutica de indução da retinite por CMV
O Foscavir é administrado durante 2 a 3 semanas, dependendo da resposta clínica, sob aforma de infusões intravenosas intermitentes de 8 em 8 horas, na dose de 60 mg/kg, oucada 12 horas na dose de 90 mg/kg, em doentes com a função renal normal. A dose deveser individualizada de acordo com a função renal do doente (ver a tabela posológica maisadiante). O tempo de infusão não deve ser inferior a 2 horas para a dose de 90 mg/kg, oua 1 hora para a dose de 60 mg/kg.
Terapêutica de manutenção da retinite por CMV
Para a terapêutica de manutenção subsequente à terapêutica de indução da retinite por
CMV, administra-se o Foscavir sete dias por semana, enquanto a terapêutica forconsiderada apropriada. Nos doentes com a função renal normal o intervalo posológicositua-se entre 90 e 120 mg/kg, sob a forma de uma infusão diária com 2 horas de duração.
A dose deve ser individualizada consoante a função renal do doente (ver a tabelaposológica abaixo). Recomenda-se iniciar a terapêutica com 90 mg/kg. Pode considerar-
se a elevação para 120 mg/kg nos doentes que revelem boa tolerância à dose mais baixa.
Os doentes que manifestem progressão da retinite enquanto estiverem a receber aterapêutica de manutenção podem ser novamente tratados com o regime de indução, oucom associação de Foscavir e ganciclovir. Uma vez estabilizada a associação, deverá serinstituída a terapêutica de manutenção com Foscavir ou com Foscavir e ganciclovir, emassociação. Devido a incompatibilidade física, Foscavir e ganciclovir NÃO devem sermisturados.
Tratamento de infecções CMV no tracto gastrointestinal superior e inferior
Foscavir é administrado em infusões intermitentes cada 12 horas na dose de 90 mg/kg emdoentes com função renal normal. A maioria dos doentes irá sentir uma diminuição dosseus sintomas, dentro de 2 a 4 semanas. A dose deverá ser adaptada para doentes cominsuficiência renal (ver tabela posológica abaixo). A duração da infusão não deverá serinferior a 2 horas.
Tratamento nas infecções mucocutâneas por HSV resistentes ao aciclovir
Foscavir é administrado através de infusões intermitentes de 40 mg/kg durante uma hora,de 8 em 8 horas, nos doentes com função renal normal. A dose deve ser adaptada deacordo com a função renal do doente (ver a tabela posológica em baixo). O tempo deinfusão não deve ser inferior a 1 hora.
O tempo necessário para a cura depende do tamanho da lesão inicial, devendo prosseguir-
se a terapêutica com Foscavir até ocorrer a re-epitelização completa, geralmente em 2 a 3semanas. Após uma semana de tratamento deve ser observada uma resposta clínicaevidente à terapêutica com Foscavir; nos doentes que nesta altura não exibam respostadeve proceder-se à reavaliação da terapêutica.
Ainda não foi suficientemente investigada a profilaxia com Foscavir face a recorrênciasde infecções por herpes resistente ao aciclovir. Se surgir uma recorrência, deveconfirmar-se a ausência de resposta ao aciclovir por parte do vírus responsável.
Advertência – Não administrar Foscavir por infusão intravenosa rápida.
Tabelas Posológicas para o Foscavir
Tratamento de indução para Retinite por CMV
Dose de Foscavir:
Retinite por CMV
Depuração
90 mg/kg
60
mg/kg
da creatinina
durante pelo
durante
(ml/min/kg)
menos 2 horas
1 hora
(mg/kg)
(mg/kg)
> 1,4
90
De 12 em 12 h
60
De 8 em 8 h
1,4> – > 1
70
?
45
?
1 > – > 0,8
50
?
35
?
0,8> – > 0,6
80
De 24 em 24 h
40
De 12 em 12 h
0,6> – > 0,5
60
?
30
?
0,5> – > 0,4
50
?
25
?
< 0,4
Tratamento não recomendado
Tratamento de manutenção da Retinite por CMV
Dose de Foscavir:
Depuração
90 mg/kg
120
mg/kg
da creatinina
durante pelo
durante pelo
(ml/min/kg)
menos 2 horas
menos 2 horas
(mg/kg)
(mg/kg)
> 1,4
90
De 24 em 24 h
120
De 24 em 24 h
1,4> – > 1
70
?
90
?
1 > – > 0,8
50
?
65
?
0,8> – > 0,6
80
De 48 em 48 h
105
De 48 em 48 h
0,6> – > 0,5
60
?
80
?
0,5> – > 0,4
50
?
65
?
< 0,4
Tratamento não recomendado
Doença CMV GI
Infecção HSV
Depuração
90 mg/kg
40
mg/kg
da creatinina
ao longo de pelo
durante
(ml/min/kg)
menos 2 horas
1 hora
(mg/kg)
(mg/kg)
> 1,4
90
De 12 em 12 h
40
De 8 em 8 h
1,4> – > 1
70
?
30
?
1 > – > 0,8
50
?
20
?
0,8> – > 0,6
80
De 24 em 24 h
25
De 12 em 12 h
0,6> – > 0,5
60
?
20
?
0,5> – > 0,4
50
?
15
?
< 0,4
Tratamento não recomendado
Não se recomenda a administração de Foscavir a doentes em hemodiálise, em virtude dasnormas posológicas ainda não terem sido estabelecidas.
Hidratação
A toxicidade renal do Foscavir pode ser reduzida por hidratação adequada do doente.
Recomenda-se o estabelecimento de diurese por hidratação com 0,5-1,0 L de soluçãosalina normal antes da primeira infusão de Foscavir, adicionando subsequentemente 0,5-
1,0 L de solução salina normal a cada infusão. Quando a situação clínica o permitir, deveser utilizado um regime semelhante de hidratação oral em doentes com adesão àterapêutica. Doentes clinicamente desidratados, deverão ter a sua situação normalizadaantes de se iniciar a terapêutica com Foscavir.
Crianças
A experiência da utilização de Foscavir em crianças é ainda limitada.
4.3Contra-indicações
Hipersensibilidade ao foscarnet trissódico ou a qualquer um dos excipientes.
4.4Advertências e precauções especiais de utilização
Foscavir deve ser utilizado com prudência em doentes com a função renal reduzida.
Considerando que pode ocorrer insuficiência renal em qualquer altura durante aadministração de Foscavir, deve monitorizar-se a creatinina sérica em dias alternadosdurante a terapêutica de indução e uma vez por semana durante a terapêutica demanutenção, realizando-se os ajustes apropriados de acordo com a função renal. Devemanter-se uma hidratação adequada em todos os doentes (Ver Secção 4.2 Posologia e
Modo de Administração).
Devido à propensão do Foscavir para quelar os iões metálicos bivalentes, como o cálcio,a administração de Foscavir pode estar associada a uma redução aguda do cálcio séricoionizado, proporcional à velocidade de infusão do Foscavir, a qual pode não se reflectirnos níveis totais de cálcio sérico. Deve proceder-se à avaliação dos electrólitos antes edurante a terapêutica com Foscavir, especialmente do cálcio e magnésio, corrigindo-seeventuais deficiências.
Em virtude da possibilidade de progressão ou recorrência de retinite por citomegalovirus
(CMV), em doentes a fazer terapêutica crónica com Foscavir, devem ser efectuadosexames oftalmológicos regulares sempre que se justifique e de acordo com a natureza daprogressão da doença.
O Foscavir tem propriedades irritantes locais e, quando excretado na urina, emconcentrações elevadas pode induzir irritação genital ou mesmo ulcerações. Recomenda-
se uma atenção cuidada à higiene pessoal após a micção, a fim de diminuir o potencial deirritação local.
No caso de estarem indicados diuréticos, recomendam-se as tiazidas.
4.5Interacções medicamentosas e outras formas de interacção
Como o Foscavir pode afectar a função renal, poderá ocorrer toxicidade aditiva quandoutilizado em combinação com outros fármacos nefrotóxicos, como os aminoglicosideos,anfotericina B e ciclosporina A. Além disso, devido ao facto do Foscavir poder reduzir osníveis séricos do cálcio ionizado, recomenda-se extrema prudência quando utilizadoconcomitantemente com outros medicamentos que se sabe influenciam os níveis séricosde cálcio, como a pentamidina i.v. Foram observadas insuficiência renal e hipocalcémiasintomática (sinais de Trousseau e Chvostek) durante a terapêutica concomitante com
Foscavir e pentamidina i.v.
Foram descritas alterações da função renal relacionadas com a utilização de Foscavirassociado a ritonavir e/ou saquinavir.
Não existe interacção farmacocinética com a zidovudina (AZT), ganciclovir, didanosine
(ddI) ou zalcitabina (ddC).
4.6Gravidez e aleitamento
Dado não existir ainda experiência clínica ou dados investigacionais disponíveis,
Foscavir não deve ser administrado a mulheres grávidas ou a amamentar.
4.7Efeitos sobre a capacidade de conduzir e utilizar máquinas
Durante a terapêutica com Foscavir podem ocorrer efeitos adversos, como tonturas econvulsões.
Aconselha-se o médico a discutir este assunto com o doente e, com base na situação dadoença e na tolerância à medicação, fazer esta recomendação em cada casoindividualmente.
4.8Efeitos indesejáveis
A exposição dos doentes é estimada em 70.000 doentes imunocomprometidos e quesofreram graves infecções virais.
O estado geral do doente, a gravidade da doença subjacente, outras infecções eterapêutica concomitantes contribuem para o perfil de reacções adversas de Foscavir.
As reacções adversas mencionadas em baixo referem-se a resultados obtidos de:
Resultados de 107 doentes (população de doentes I.) com SIDA associada a retinite por
CMV em dois ensaios clínicos prospectivos em que se procedeu à administração de
Foscavir, 2 x dia e 3 x dia. Nestes doentes, a administração de Foscavir obedeceu a umprotocolo actualizado, com hidratação e especial atenção ao equilíbrio electrolítico. Operfil de efeitos adversos não foi diferente para os regimes 2 x dia e 3 x dia.
Resultados de 5 estudos prévios abrangendo 188 doentes com SIDA (população dedoentes II.) e retinite por CMV, tratados com Foscavir 3 x dia.
A frequência de efeitos adversos é listada de acordo com o seguinte: Frequentes (> 1/100,
< 1/10); Pouco frequentes (>1/1000, <1/100); Raros (>1/10.000, <1/1000); Muito raros
(<1/10.000).
Frequência de efeitos indesejáveis:
Frequência
Classe de sistema de órgãos
Efeito indesejável
Muito Frequentes (>10%): Doenças do metabolismo e da
Anorexia, hipomagnesémia,
nutrição
hiperfosfatémia, hipofosfatémia,hipocaliémia
Doença do sistema nervoso
Cefaleias, parestesias
Doenças gastrintestinais
Náuseas, vómitos, diarreia
Perturbações gerais e alterações no
Arrepios, febre, fadiga
local de administração
Pesquisa de dados clínicos
Redução na concentração dehemoglobina, aumento da creatininasérica e hipocalcémia
Frequentes (?1% e
Doenças do sangue e do sistema
Trombocitopénia, leucopénia,
<10%):
linfático
granulocitopénia
Doenças do sistema imunitário
Sépsis
Doenças do metabolismo e da
Hiponatrémia, aumento das LDH e
nutrição
da fosfatase alcalina
Perturbações do foro psiquiátrico
Ansiedade/nervosismo, depressão,confusão, agitação, reacçõesagressivas
Doenças do sistema nervoso
Convulsões, contracções muscularesinvoluntárias, tremores, hipostesia,ataxia, neuropatia, tonturas
Cardiopatias
Palpitações
Vasculopatias
Hipertensão,
hipotensão,
tromboflebites
Afecções
hepatobiliares
Função anormal do fígado, aumentosérico da ALT, AST e gama GT
Afecções dos tecidos cutâneos e
Ulcera peniana, rash
subcutâneos
Perturbações gerais e alterações no
Astenia, mal-estar, edema
local de administração
Pesquisa de dados clínicos
Redução da depuração da creatinina
Raros (?0.01% e <0.1%):
Doenças do metabolismo e da
Acidose
nutrição
Doenças
endócrinos
Diabetes
insipidus
Doenças
gastrintestinais
Pancreatite
Afecções dos tecidos cutâneos e
Prurido
subcutâneos
Afecções
musculo-esqueléticas
e
Mialgia
dos tecidos conjuntivos**
Pesquisa de dados clínicos
Redução da depuração da creatinina
Muito Raros (<0.01%):
Cardiopatias
Arritmia
ventricular
Afecções
musculo-esqueléticas
e
Miosite, miopatia, rabdiomiólise,
dos tecidos conjuntivos**
fraqueza muscular
Doenças dos órgãos genitais e da
Irritação/ulceração genital
mama
masculina/feminina
Pesquisa de dados clínicos
Prolongamento anormal intervalo
QT, aumento da creatinoquinase
* Leucócitos: Os efeitos adversos relacionados com os leucócitos incluíram leucopéniaem 1-9 % e granulocitopénia em 1-17 %. Os valores mais altos referem-se à população II.
Nesta população, a leucopénia estava inicialmente presente em mais de 90 % dos doentessendo grave ou originando risco de vida em 8 % dos doentes. Por outro lado devedestacar-se que, em alguns doentes, as contagens leucocitárias médias aumentaramdurante o tratamento com Foscavir. Apesar de um pequeno número de doentes terpiorado sob este aspecto, não há indícios claros de que o Foscavir seja mielossupressor.
Esta opinião é reforçada pela constatação de uma incidência muito baixa de leucopénia egranulocitopénia na população de doentes I.
** A relação causal com Foscavir ainda não foi estabelecida.
4.9Sobredosagem
Foi relatada sobredosagem em 69 doentes, sendo a dose mais alta cerca de 20 vezessuperior à dose prescrita. Alguns dos casos eram sobredosagens relativas, em que asdoses não foram prontamente ajustadas de acordo com a função renal debilitada dosdoentes.
As sequelas clínicas reportadas não foram consideradas consequência da sobredosagem.
O padrão de efeitos adversos reportado em associação com a sobredosagem foiconcordante com os sintomas previamente observados durante a terapêutica com
Foscavir.
A hemodiálise acelera a eliminação de Foscavir e pode ser benéfica em caso desobredosagem grave.
5. PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS
5.1Propriedades farmacodinâmicas
Grupo farmacoterapêutico: 1.3.2 ? Medicamentos anti-infecciosos. Antivíricos. Outrosantivíricos.
Código ATC: J05AD01 ? FOSCARNET
Propriedades Antivíricas
Foscavir é um agente antivírico de largo espectro que inibe todos os vírus humanosconhecidos do grupo herpes, vírus do herpes simples dos tipos 1 e 2, vírus do herpeshumano 6, vírus da varicela-zóster, vírus de Epstein-Barr e citomegalovírus (CMV), ealguns retrovírus, incluindo o vírus da imunodeficiência humana (HIV), emconcentrações que não afectam o crescimento celular normal. Foscavir inibe também a
DNA-polimerase do vírus da hepatite B. Foscavir exerce a sua actividade antivírica porinibição directa da DNA-polimerase e da transcriptase reversa específicas do vírus emconcentrações que não afectam as DNA-polimerase celulares. Foscavir não requeractivação (fosforilação) pela timidina-quinase ou outras quinases, sendo portanto activoin vitro contra os mutantes HSV deficientes em timidina-quinase (TK). As estirpes de
CMV resistentes ao ganciclovir podem ser sensíveis ao Foscavir. Os resultados dasprovas de sensibilidade, expressos como a concentração do fármaco necessária para inibirem 50% o crescimento do vírus em cultura celular (CI50), variam largamente conforme ométodo analítico aplicado e o tipo de célula utilizado. É apresentado em baixo alguns dosvírus sensíveis e as respectivas CI50.
FOSCAVIR
Inibição da multiplicação vírica em cultura celular
Vírus CI50
(µM)
CMV
50 – 800*
HSV-1, HSV-2
10 – 130
VZV
48 – 90
EBV <
500**
HHV-6 49
CMV resistente ao ganciclovir
190
HSV Mutante TK minus
67
HSV Mutante DNA-Polimerase
5 – 443
HIV-1
11 – 32
HIV-1 Resistente à zidovudina
10 – 32
*
Média = 269 µM
**
97% da síntese antigénica vírica inibida com 500 µM
Após o tratamento com Foscavir pode não se observar resposta clínica, possivelmentedevido ao aparecimento de estirpes víricas com menor sensibilidade ao Foscavir. Numasituação destas deve considerar-se a descontinuação do tratamento com Foscavir.
O valor médio da concentração inibitória de 50% (CI50) em mais de cem isoladosclínicos de CMV obtidos de doentes foi de aproximadamente 270 µmol/l, ao passo que seobservou uma inibição reversível do crescimento celular normal com cerca de 1.000
µ mol/l.
Retinite por CMV em doentes com SIDA
Após terapêutica de indução ao longo de 2-3 semanas, Foscavir produziu estabilizaçãonas lesões da retina em aproximadamente 90% dos casos tratados. No entanto, como o
CMV desencadeia infecções latentes e o Foscavir exerce uma actividade virustática, é
provável a ocorrência de recidivas após a interrupção do tratamento na maioria dosdoentes com imunodeficiência persistente. A instituição dum regime de manutenção poradministração diária de doses compreendidas entre 90 e 120 mg/kg, uma vez concluída aterapêutica de indução, originou um atraso na progressão da retinite. Nos doentes quemanifestem progressão da retinite enquanto estiverem a receber a terapêutica demanutenção, ou que não estejam a ser tratados, a reinstituição da terapêutica de induçãorevelou uma eficácia idêntica à do tratamento inicial.
Infecções a CMV no tracto gastrointestinal superior e inferior associadas à SIDA
Em doentes com infecções a CMV comprovadas no tracto gastrintestinal superior einferior, a terapêutica de indução de Foscavir, 90 mg/kg 2 vezes ao dia, durante 2 a 4semanas, resultou na resolução dos sintomas em 80 % dos doentes e uma respostamacroscópica em 72 %.
No exame microscópico, 61 % apresentou melhorias no grau de inflamação e 80 % teveuma eliminação ou redução de corpos de inclussão do CMV.
Uma vez concluída a terapêutica de indução, a terapêutica de manutenção com Foscavir
é, em geral, instituída apenas em casos seleccionados.
Infecções por HSV resistente ao aciclovir no hospedeiro imunocomprometido
Para tratamento de infecções mucocutâneas resistente ao aciclovir, administrou-se 40 mgde Foscavir/kg a cada 8 horas durante 2 a 3 semanas ou até à cura. Num estudorandomizado, prospectivo, conduzido em doentes com SIDA, os que foram tratados com
Foscavir obtiveram cura no intervalo de 11-25 dias, com alívio total da dor em 9 dias, etendo deixado de disseminar vírus HSV ao fim de 7 dias.
Não há evidência de mielotoxicidade acrescida quando se utiliza Foscavir emcombinação com a zidovudina (AZT).
5.2Propriedades Farmacocinéticas
Foscavir é eliminado pelo rim, sobretudo por filtração glomerular. A depuraçãoplasmática após administração intravenosa no Homem varia entre 130 e 160 ml/min, e adepuração renal é de cerca de 130 ml/min. A semi-vida é da ordem das 2 a 4 horas nosdoentes com função renal normal.
O volume aparente de distribuição do Foscavir, no estado de equilíbrio, varia entre 0,4 e
0,6 l/kg. Não há conversão metabólica do Foscavir e a ligação às proteínas plasmáticas ébaixa (<20%). O Foscavir distribui-se no líquido céfalo-raquidiano, tendo-se observado,em doentes infectados com HIV, concentrações entre 10 e 70 %.
O quadro seguinte demonstra as propriedades farmacocinéticas de Foscavir em doentescom SIDA tratados por infecções a CMV (especialmente retinite) utilizando um regimede 3 x dia ou 2 x dia.
Parâmetros TID
(60
mg/Kg
BID (90 mg/Kg
Q8h)*
Q12h)*
Cmax em estado de equilíbrio
589 + 192 (24)
623 + 132 (19)
(µM)
Cmin em estado de equilíbrio (µM) 114 + 91 (24)
63 + 57 (17)
Volume de distribuição (L/Kg)
0.41 + 0.13 (12)
0.52 + 0.20 (18)
Semi-vida Plasmática (h)
4.0 + 2.0 (24)
3.3 + 1.4 (18)
Depuração sistémica (L/h)
6.2 + 2.1 (24)
7.1 + 2.7 (18)
Depuração renal (L/h)
5.6 + 1.9 (5)
6.4 + 2.5 (13)
Coeficiente concentração no
0.69 + 0.19 (9) **
0.66 + 0.11 (5) ***
CSF/Plasma
* Média + SD (número de doentes estudados) para cada parâmetro
** 50 mg/Kg Q8h durante 28 dias, amostras obtidas 3h após o fim de 1h de infusão
*** 90 mg/Kg Q12h durante 28 dias, amostras obtidas 1h após o fim de 2h de infusão
5.3 Dados de segurança pré-clínica
Os efeitos mais pronunciados notados durante os estudos de toxicidade sistémica com
Foscavir consistem na perturbação de alguns electrólitos séricos e de alterações renais e
ósseas.
A redução observada nos electrólitos séricos, nomeadamente cálcio e magnésio, podemexplicar-se pela propriedade de Foscavir em formar quelatos com iões metálicosbivalentes. A redução de cálcio e magnésio ionizados é, muito provavelmente, aexplicação para as convulsões verificadas durante, e imediatamente a seguir, à infusão dedoses elevadas de Foscavir. Esta redução pode igualmente afectar a função cardíaca (porexemplo, o ECG) embora os estudos toxicológicos realizados não tenham detectadoquaisquer efeitos deste género. A velocidade de infusão de Foscavir é crítica para asalterações na homeostasia de alguns dos catiões séricos bivalentes.
O mecanismo subjacente às alterações renais, isto é, a atrofia medular, confinadasobretudo aos nefrónios justamedulares, é menos claro. Foram observadas estasalterações em todas as espécies investigadas. Sabe-se que outras substâncias (EDTA ebifosfonatos) que formam complexos com catiões bivalentes podem provocar alteraçõesrenais similares às de Foscavir. Constatou-se que a hidratação, para indução de diurese,reduz significativamente as alterações renais durante o tratamento com Foscavir.
As alterações ósseas foram caracterizadas pelo aumento da actividade osteoclástica e dareabsorção óssea. Este efeito foi observado apenas no cão. A razão destas alterações pode
residir no facto de Foscavir, devido à sua semelhança estrutural com o fosfato, serincorporado na hidroxiapatite. Estudos autorradiográficos mostraram que Foscavirapresenta uma pronunciada afinidade para o tecido ósseo. Os estudos de recuperaçãorevelaram que estas alterações ósseas eram reversíveis.
Os estudos de mutagenicidade demonstraram que Foscavir tem potencial genotóxico. Apossível explicação para o efeito observado nos estudos de mutagenicidade consiste nainibição da DNA-polimerase na linhagem celular utilizada. Foscavir exerce o seu efeitoterapêutico por inibição da DNA-polimerase específica do vírus herpes. A ?-polimerasedas células humanas é cerca de 100 vezes menos sensível ao Foscavir. Os estudos decarcinogenicidade realizados não detectaram qualquer potencial oncogénico. Asinformações adquiridas a partir dos estudos de teratogenicidade e de fertilidade nãorevelaram efeitos adversos sobre o processo de reprodução. Estes resultados são todaviade valor limitado, uma vez que as doses utilizadas nestes estudos eram menores, ou nomáximo similares (75 a 150 mg/kg sc), às administradas no Homem para tratamento daretinite por CMV.
6.INFORMAÇÕES FARMACÊUTICAS
6.1Lista dos excipientes
Água para injectáveis
Ácido clorídrico
6.2Incompatibilidades
Foscavir não é compatível com solução de dextrose a 30 %, anfotericina B, aciclovirsódico, ganciclovir, isetionato de pentamidina, trimetropim-sulfametoxazol, e cloridratode vancomicina. Foscavir também não é compatível com soluções que contenham cálcio
É recomendado não se proceder à perfusão concomitante de outros medicamentos pelamesma linha venosa.
6.3Prazo de validade
3 anos
Depois de aberto o frasco, conservar a temperatura não superior a 30º C e utilizar noprazo de 24 horas.
6.4Precauções especiais de conservação
Não conservar acima de 30°C.
Não refrigerar.
Se este for refrigerado, ou exposto a temperaturas inferiores ao ponto de congelação,pode ocorrer precipitação. Se se mantiver o frasco à temperatura ambiente sob agitaçãorepetida, pode conseguir-se que o precipitado volte a ficar em solução.
Condições de conservação do medicamento após abertura do frasco, ver secção 6.3.
6.5Natureza e conteúdo do recipiente
Frascos de vidro para perfusão de 250 ml e 500 ml.
6.6Instruções de utilização e de manipulação
Foscavir não contém conservantes, e uma vez quebrado o selo de esterilidade do frasco asolução deve ser usada no espaço de 24 horas.
As doses individualmente dispensadas de Foscavir podem ser assepticamente transferidaspara sacos plásticos de infusão na farmácia hospitalar. A estabilidade físico-química de
Foscavir e de diluições preparadas em partes iguais com solução de cloreto de sódio a 9mg/ml ou de dextrose a 50 mg/ml é de 7 dias em sacos de PVC. Dependendo das normaslocais/domésticas, o tempo de conservação, uma vez efectuadas estas preparações nafarmácia hospitalar, pode ser mais restrito.
O contacto acidental da solução de Foscavir sódico com a pele ou os olhos pode causarirritação local e sensação de queimadura. No caso de ocorrer tal contacto acidental, develavar-se a área exposta com água.
7.TITULAR DA AUTORIZAÇÃO DE INTRODUÇÃO NO MERCADO
AstraZeneca Produtos Farmacêuticos, Lda., com sede na Rua Humberto Madeira, nº 7,
Valejas, 2745-663 Barcarena.
8.NÚMERO(S) DE AUTORIZAÇÃO DE INTRODUÇÃO NO MERCADO
Número de registo: 2398485 ? 250 ml de solução para perfusão, 24 mg/ml, frasco devidro
Número de registo: 2398584 ? 500 ml de solução para perfusão, 24 mg/ml, frasco devidro
9.DATA DA PRIMEIRA AUTORIZAÇÃO/RENOVAÇÃO DA AUTORIZAÇÃO DE
INTRODUÇÃO NO MERCADO
Data da primeira autorização:13 de Maio de 1996
Data da última renovação: 13 de Maio de 2001