Pensa-se que o cultivo das primeiras vinhas e a produção do respectivo vinho datem de 2000 a.C. Muitos referem-se a ele como uma dádiva dos deuses e durante centenas de anos serviu como moeda da troca pelo seu elevado valor comercial.
Beber e oferecer vinho faz parte da cultura ocidental e a sua importância deriva, desde logo, das influências da religião cristã. Actualmente, o vinho continua a ter a sua importância e é comum a sua utilização para acompanhar as principais refeições do dia, na recepção de convidados e/ou durante eventos sociais. As inúmeras qualidades de vinho existentes fazem as delícias dos apreciadores deste produto, mas por detrás poderá estar um atentado à saúde. O segredo está, como sempre, na moderação
Benefícios na saúde do Vinho
Todos nós já ouvimos dizer que beber um copo de vinho por dia traz benefícios à saúde. Mas será isto verdade?
Na realidade, os estudos referem de forma consistente que o vinho produz efeitos benéficos ao nível das doenças cardiovasculares (doença arterial coronária e arterloesclerose) quando Ingerido em reduzidas quantidades. Para além de muito calórico, este produto é rico em antioxidantes, nomeadamente polifenóis e flavonóides, o que confere a capacidade de combater os radicais livres que existem no sangue, já atrás referidos. Os seus principais efeitos positivos são ao nível da prevenção da doença arterial coronária e da arteriosclerose.
Um copo de vinho por dia ou em dias alternados é mesmo a quantidade recomendada para que tais benefícios se possam observar. Preferencialmente, deve ser escolhido vinho tinto pois, devido ao seu processo de produção, é mais rico em antioxidantes e outras propriedades benéficas à saúde.
Mesmo em quantidades reduzidas, o vinho tende a elevar os níveis de triglicerídeos, pelo que as pessoas com hipertrigliceridemia ou diabetes devem evitar totalmente o seu consumo.
No entanto e como “não há bela sem senão” é importante lembrar que o vinho contém álcool e todos os anos morrem cerca de 2000 pessoas por cirrose hepática em Portugal. Para além desta doença, muitas outras, associadas ao consumo prolongado e abusivo de álcool, podem surgir e afectar gravemente os diferentes órgãos do nosso corpo, como vimos em capítulos anteriores. E talvez pense que chamamos abuso às bebedeiras frequentes, mas não pense que é preciso tanto para o álcool ser extremamente lesivo.
Consumo Máximo de Vinho
Considera-se abuso quando um homem ingere diariamente mais de 24 g de álcool, o que corresponde a cerca de 250 ml de vinho, e uma mulher mais de 16 g de álcool por dia, ou seja cerca de 170 ml de vinho.
Sinais e sintomas associados à abstinência alcoólica
Inicia-se com:
- Agitação;
- Ansiedade;
- Alteração do sono;
- Alterações do humor.
Agravam-se para:
- Tremores nas extremidades;
- Alterações no relacionamento interpessoal;
- Alterações no apetite;
- Sudorese em surtos;
- Aumento da frequência cardíaca, pulso e temperatura.
Podendo culminar em:
- Tremores generalizados;
- Alucinações auditivas e visuais;
- Desorientação no tempo e no espaço.
Estes sintomas são tanto mais graves quanto mais dependência à substância houver.
Síndrome de Abstinência Alcoólica
Importa perceber que os efeitos benéficos no organismo não aumentam com o aumento do seu consumo e ao contrário do que muitas vezes se ouve, o álcool não aquece, não tira a sede, nem dá força e muito menos é um estimulante, O álcool provoca dependência física e psíquica quando é ingerido diariamente e de forma abusiva. Quer isto dizer que, o organismo passa a reagir quando se vê privado dessa substância, através de uma série de sintomas que compõem um quadro denominado Síndrome de Abstinência Alcoólica.
O que acontece é que o álcool dilata os vasos sanguíneos à superfície da pele dando a sensação de calor, mas não aumenta a temperatura corporal.
Para além disto, ele não tira a sede pois, apesar de conter água, esta é insuficiente para o fazer e o facto de o álcool ter uma acção diurética, só vai levar a que urinemos mais e fiquemos ainda mais desidratados. Mais ainda, o álcool não proporciona força porque o valor calórico que possui não é aproveitado pelos músculos, provocando antes uma inestética barriguinha e sensação de inchaço. Devido às suas capacidades anestesiantes poderá sim reduzir a sensação de cansaço e levar a pessoa a sentir-se mais capaz. Porém, é um falso sentimento que leva muitas vezes a acidentes de trabalho e rodoviários. Para terminar, o álcool parece ser estimulante na fase inicial do seu consumo, desinibindo a pessoa, tornando-a mais sociável e com uma sensação de euforia.
Contudo, esta substância é um depressor do sistema nervoso e com a continuação do seu consumo vai produzir lenificação e descoordenação motora, desorientação, diminuição da consciência e, em situações extremas, pode levar ao coma alcoólico e morte.
Outro aspecto muito importante a ter em conta é a conjugação de medicação com a ingestão de álcool. Nunca é de mais relembrar que o álcool pode aumentar ou reduzir os efeitos de determinados medicamentos e em vez de se traduzir num aliado, pode estar a descompensar a doença. Leia sempre o folheto informativo que acompanha os seus medicamentos ou informe-se junto do seu médico. Nunca arrisque e lembre-se, mais vale prevenir que remediar.