O recurso ao crédito bancário para satisfazer as mais variadas necessidades de consumo, como a compra de casa, carro ou electrodomésticos, é cada vez mais comum.
Para quem consegue honrar atempadamente os compromissos assumidos (a maioria dos consumidores) com o banco ou outra instituição credora, o crédito é um instrumento que permite antecipar rendimentos. Torna possível comprar hoje um bem que, de outro modo, só iria poder adquirir ao fim de algum tempo de poupança (meses, anos ou até décadas). Basta considerar o exemplo mais significativo: a compra de casa própria. A verdade é que, para concretizar o direito a uma habitação condigna, contemplado na Constituição da República, a generalidade das famílias portuguesas depende do crédito à habitação.
O crédito pode ainda ser um instrumento de gestão do orçamento familiar. Para cumprirem o compromisso assumido, as famílias têm de canalizar parte dos seus rendimentos para pagar as prestações. Ou seja, como são forçadas a economizar por um longo período de tempo, o crédito pode ser encarado como um ferramenta de poupança forçada.
Se, actualmente, o uso racional do crédito pode aumentar o bem-estar dos consumidores, uma breve recapitulação histórica mostra que nem sempre foi assim. No período medieval, a actividade prestamista, isto é, o empréstimo em troca de juros, era condenada por vários costumes sociais e religiosos. Nos países mais católicos, por exemplo, estava associada a um dos pecados bíblicos – a usura.