Nem só os mais jovens pensam comprar casa. Também pessoas com mais idade (maiores de 50 anos) procuram crédito à habitação (para séniores): para trocar por uma casa melhor, comprar a casa de que são arrendatários há muitos anos ou possuir uma habitação secundária, por exemplo, para férias.
Apesar de, nesta idade, as restrições orçamentais não serem as mesmas dos mais jovens (por norma, a maioria já tem uma situação económica relativamente estável, o que permite suportar uma prestação mais elevada), nem sempre os interessados dispõem de recursos próprios para comprar a casa desejada.
Quando um cliente com 50 ou mais anos pretende contratar um crédito à habitação, depara-se com o problema da idade no final do prazo. De facto, a maioria dos bancos só concede financiamento para prazos que não ultrapassem os 70 a 75 anos de idade do proponente no final do empréstimo. Se pretende um prazo superior tem de recorrer a um banco que o permita (por exemplo, um com produtos específicos ou condições especiais para seniores). Nesses, o limite máximo pode ir, regra geral, até aos 80 anos.
Qualquer pessoa que compre uma casa com recurso ao crédito, é obrigado pela instituição financeira a contratar seguro de vida. Este encargo é suportável por clientes até aos 40 anos, mas pode tornar-se um entrave para os seniores. Isto, porque as seguradoras, ao avaliarem o risco associado ao indivíduo, consideram que este é mais propenso a situações de morte ou invalidez. Em consequência, agravam muito os prémios de seguro de vida e, portanto, os encargos mensais com o crédito.
Segundo um estudo recente da revista Dinheiros & Direitos, o prémio do seguro de vida de um casal de 60 anos (2 cabeças a 100%) pode aumentar, nalguns bancos, em 70% os encargos mensais com o crédito. Já para um casal mais novo, o acréscimo não vai, regra geral, além dos 10%. Todavia, alguns bancos não pedem seguro de vida a clientes seniores.
Para facilitar a contratação, os bancos têm apresentado, nos últimos anos, soluções de financiamento alternativas às tradicionais. Assim, existem duas opções para contornar o maior entrave (seguro de vida) que os seniores encontram quando pretendem financiar a compra de habitação.
A prática mais comum é as seguradoras com as quais trabalham praticarem as chamadas tarifas planas, ou seja, prémios iguais independentemente da idade do segurado (apenas possível em seguros de vida como garantia do crédito). Estas tarifas têm prémios um pouco mais elevados do que a média para os indivíduos mais jovens, mas, em contrapartida, os seniores pagam prémios substancialmente inferiores aos que pagariam se contratassem o seguro avulso. No entanto, mesmo em tarifas planas pode haver agravamento do prémio por riscos detectados que não possam ser alvo de exclusão (por exemplo, indivíduos com massa corporal superior à média). Por outro lado, tem havido uma tendência generalizada das seguradoras para abandonar este sistema.
Outra alternativa, proposta por poucos bancos, é contratar o crédito sem seguro de vida. Neste caso, o problema fica resolvido, embora perca certas vantagens, como o pagamento do crédito em caso de sinistro.
A excepção da particularidade da idade e do seguro de vida, o crédito para seniores funciona em moldes semelhantes aos do crédito tradicional. Pode, contudo, encontrar alguma resistência das instituições financeiras em financiar a compra do imóvel a 100%. Dependendo do banco, também pode encontrar grelhas de spreads mais vantajosas do que as praticadas para o público em geral. Em qualquer caso, se pretende melhorar as condições oferecidas pelo banco para o crédito à habitação sénior, faça valer os seus argumentos enquanto cliente.
Refira, por exemplo, os produtos que lá tem contratados, como domiciliação de ordenado ou cartão de crédito, e demonstre que tem todo o interesse em permanecer cliente do banco.
O que ! então, os bancos não colocam imediatamente, 100% de entraves. É engraçada esta notícia.