A zona privada
O espaço que corresponde à zona privada, é servido pela zona de circulação, que acaba por amortecer os ruídos. Compreende as zonas do sono, da higiene e do trabalho pessoal dos habitantes da casa.
Zona do sono
O isolamento dos quartos é uma necessidade. Com efeito, a vida moderna submete-nos a ritmos cada vez mais cansativos e o repouso num ambiente calmo representa um factor de equilíbrio psicológico, sem o qual o nosso organismo não resistiria muito tempo. Situadas na parte mais calma da habitação, estas divisões deverão ser isoladas umas das outras.
A exposição de um quarto a norte poderá ser solucionada com um sistema de aquecimento, deixando, assim, as divisões mais soalheiras da casa para a vida em comum. O quarto dos pais deverá ser isolado em termos sonoros com revestimentos nas paredes (por exemplo, tapeçarias), os quais criarão uma atmosfera agradável e quente. Esta divisão deverá proporcionar, logo à entrada, uma sensação de equilíbrio, de harmonia entre os volumes e as cores, permitindo uma calma interior.
O quarto dos pais será próximo ou mesmo contíguo à casa de banho e equipado com elementos para arrumar o vestuário: roupeiros com prateleiras. Poderá, ainda, dispor de um toucador (mesa de toiletté), de uma pequena escrivaninha ou de um verdadeiro escritório, conforme o espaço existente. Os quartos não deverão ter menos de 9 m2 de superfície, o que já é muito reduzido. Uma boa medida encontra-se entre os 10 e os 12 m2. No quarto dos avós, coloque uma cama com uma boa altura (cerca de 50 cm), de modo a permitir uma arrumação fácil e, em caso de doença, para que possa cuidar deles com menos dificuldade. Não se esqueça dos móveis ligados ao passado, carregados de lembranças, que representam uma garantia de segurança. Dificilmente se poderá pensar em acomodar mais de duas crianças num quarto, salvo em caso de necessidade absoluta ou numa casa de férias, em que elas estão quase sempre fora.
A disposição dos móveis no quarto das crianças dependerá das idades e dos seus interesses e estudos. Se se tratar de crianças pequenas, é absolutamente necessário reservar a maior parte do espaço para as suas brincadeiras. Para tal, coloque as camas numa extremidade do quarto, ponta com ponta, ou sobrepostas, em beliche ou em gavetões (uma desliza por debaixo da outra como se fosse uma gaveta).
Os brinquedos e os jogos serão arrumados dentro do quarto, num caixote ou em gavetas, debaixo das camas. Os revestimentos do chão e das paredes serão escolhidos tendo em conta a sua resistência e a sua facilidade de limpeza. Uma mesa perto da janela servirá tanto para os jogos, como para executar os trabalhos de casa. A iluminação deste plano deverá ser pontual, mas não incomodativa. Crie um ambiente claro e alegre, mas não exagere. Os materiais utilizados deverão permitir à criança viver livremente, sem obstáculos inúteis. Certifique-se de que tanto os equipamentos, como o mobiliário são seguros para o seu filho, sobretudo se ele ainda for muito pequeno, evitando os ângulos rectos, as arestas, os materiais demasiado rígidos ou demasiado frágeis, as tomadas eléctricas expostas e as janelas acessíveis e sem parapeito.
Zona da higiene
A casa de banho é, por definição, a divisão funcional, onde todos os objectos estão pensados para que se faça uma toilette rapidamente e da forma mais agradável, sem, no entanto, tornar a limpeza problemática.
Deverá ser alegre, acolhedora e agradável, de modo a acompanhar uma pessoa, logo de manhã, ao acordar, e dispor de um equipamento fiável. São tantas as funções que uma casa de banho tem de prestar e, muitas vezes, só lá cabe uma banheira! Porém, esta divisão deverá dispor, pelo menos, de um chuveiro e de um lavatório. Para nos podermos mover comodamente numa casa de banho, o chuveiro deverá medir 0,90 m x 0,90 m ou 0,80 m x 1 m.
Existem numerosos modelos de lavatórios, grandes, pequenos, simples, duplos, de pé, integrados em bancadas. Estes últimos são colocados num móvel cuja parte inferior serve para arrumações. O bidé, ainda muito utilizado, deverá ser do mesmo tipo que o lavatório. A escolha da banheira, o elemento principal de uma casa de banho, dependerá do espaço existente. Os modelos são variados: desde a banheira tipo «tamanco», a qual, apesar de ser maior e mais alta que um poliban, permite apenas que o ocupante se sente, até à grande banheira de 1,80 x 0,80 m, passando pelas fantasias redondas ou ovais, que roubam demasiado espaço à divisão. Atenção: quanto maior a banheira, maior o consumo de água! Escolha torneiras termostáticas (misturadoras), que, embora mais caras, acabam por ser mais práticas.
Os espelhos são, também, um acessório indispensável numa casa de banho, sendo colocados, por exemplo, por cima do lavatório e nas portas dos armários. Estes armários dispõem, frequentemente, de um espelho de três faces, muito prático. Todos estes armários deverão ser iluminados a partir de um plano superior. Poderá, ainda, colocar um grande espelho na porta, de modo a ter de si uma imagem de corpo inteiro.
Se tiver bastante espaço, é na casa de banho que deverá arrumar as toalhas e os turcos. Tradicionalmente, é também na casa de banho que se arrumam os medicamentos, mas será que tal atitude é sensata? A temperatura, por vezes demasiado elevada, poderá alterar a composição dos medicamentos. Escolha outro local que esteja sempre fresco.
Atenção ao bom isolamento eléctrico (tomadas com ligação à terra).
Zona de trabalho
Os adolescentes, pela sua parte, definem o seu espaço de trabalho dentro do respectivo quarto. Conforme as necessidades, o plano de trabalho será constituído por uma secretária, um estirador ou uma mesa de desenho, formando um pequeno escritório.
Uma secretária com tampo rebatível pode «esconder» os objectos e agrupar a superfície de trabalho num único espaço, sendo uma solução elegante, mas não permitindo acomodar as grandes quantidades de livros, documentos, dossiers, revistas, etc, necessários aos estudos. O estudante e o adulto, geralmente, necessitam de um plano de trabalho amplo. Esta zona deverá ser delimitada em termos físicos e sonoros para facilitar a concentração.
O espaço para arrumações será adaptado aos objectos. A iluminação deverá ser uniforme e suficiente, para evitar os grandes contrastes luminosos que cansam a vista. A pessoa que se dedica ao bricolage utiliza instrumentos e máquinas que fazem muito barulho e libertam poeiras. Assim, o seu local de trabalho deverá ser arejado e iluminado, mas afastado e isolado. Uma garagem, um sótão, uma cave são, obviamente, as melhores soluções. Preste atenção ao sistema de ventilação, pois este poderá ajudar a propagar gases tóxicos, bem como ao isolamento eléctrico, que deverá, obrigatoriamente, ter tomadas com ligação à terra, uma norma de segurança.
Apesar de muito comum no nosso país, não é aconselhável colocar as sanitas na casa de banho. O mais adequado é existir um pequeno WC, situado na zona de circulação. O circuito (canalização) das águas das sanitas é diferente do das águas dos banhos (lavagens). As primeiras são assinaladas nas plantas como «águas de sanitários» (águas «sujas»). As sanitas eléctricas, usadas noutros países, não têm qualquer implantação em Portugal, senão em casas de banho públicas.
Atenção: é proibido colocar sanitários, por exemplo, dentro de um quarto. Muitas vezes, existem os lavatórios e os bidés, mas nunca as sanitas.
Zona de arrecadação
As zonas de serviço ocupam pouco espaço dentro da moradia, dadas as reduzidas dimensões dos locais disponíveis. Pelo contrário, todas as pessoas apreciam a existência de uma cave e/ou de uma garagem.
A cave
Pode servir de casa das máquinas (por exemplo, de lavar e de secar roupa) ou, simplesmente, como espaço para arrumações. Pinte esta divisão com uma tinta especial, a fim de evitar a presença de insectos. Coloque várias prateleiras sólidas, bem como uma instalação eléctrica estanque, com uma tomada com ligação à terra.
Se tiver a sorte de possuir uma cave calma, isto é, ao abrigo das vibrações causadas pela circulação, pouco iluminada, a uma temperatura situada entre os 12 e os 14° e com um grau de humidade constante, porque não transformá-la em adega?
A garagem
Este é o local de refúgio do seu automóvel, onde também pode arrumar os objectos sazonais, como as canas de pesca, as raquetas e as bicicletas, ou, ainda, objectos fora de uso, mas que farão as delícias da geração de amanhã. Poderá colocar algumas prateleiras ou pequenos armários numa parede. Uma pequena bancada, com algumas ferramentas básicas permitir-lhe-ão fazer reparações elementares no seu carro ou em qualquer outra máquina.
Tomadas estanques e com ligação à terra permitem a utilização de ferramentas eléctricas, de um radiogravador portátil ou de um carregador de baterias. Se tiver essa possibilidade, construa uma garagem com espaço para que possa abrir as portas do seu carro sem que estas toquem nas paredes, Ou seja, no mínimo, 3 m, para que as portas se abram completamente de um dos lados, ou 4 m, para que possam abrir dos dois lados. O comprimento da garagem nunca deverá ser inferior a 5 m ou a 6 m se quiser colocar uma bancada ao fundo.
A ventilação da garagem é muito importante, pois os gases, sobretudo quando o automóvel arranca, são muito nocivos.