A visão, como o andar e a fala, desenvolve-se durante os primeiros anos de crescimento. As percepções visuais do bebé são reduzidas. E sensível à luz, mas é só entre os 6 e os 8 meses que se ajusta a coordenação visual. Essa coordenação e, sobretudo, o equilíbrio visual entre os dois olhos, que mais tarde se revelará extremamente importante para a leitura e a escrita, são função do desenvolvimento dos movimentos corporais da criança. Contrariamente ao que algumas pessoas pensam, é bom para o bebé ter próximo dos olhos um objecto em movimento. Mesmo que ainda não apreenda os pormenores, os movimentos, as formas e as cores, o facto de o manipular, de o fazer tilintar permitir-lhe-á enriquecer as associações visuais e desenvolver a coordenação olho/mão. De igual modo, não hesite em colocar o berço num lugar bem iluminado e rico em formas e cores, como, por exemplo, a sala de estar. Se tudo correr bem, a criança de 6 ou 7 anos possuirá olhos perfeitamente adaptados, que lhe permitirão ver, sem fadiga e com nitidez, tanto os objectos afastados como os próximos. A ingestão de alimentos ricos em vitamina A, que fazem parte de uma alimentação equilibrada (ver capítulo sobre as vitaminas), é essencial. Acrescentemos que, exceptuando algumas doenças graves, as doenças infantis não têm qualquer influência sobre a visão.
O que pode acontecer é que, por ocasião de uma grande fadiga ou de um enfraquecimento geral, se venha a manifestar um estrabismo latente.
Cuidados com a visão das crianças
Infelizmente, a criança é submetida, desde o jardim infantil, a tensões visuais mais ou menos fortes, devido às condições de trabalho e, sobretudo, à visão de objectos próximos durante um tempo relativamente longo, por vezes sob condições de iluminação inadequadas.
Parece que a miopia se apresenta, nessas ocasiões, como um meio de o aparelho visual se aliviar das tensões a que é submetido, ou seja, de reagir ao stress causado pela visão ao perto e prolongada. Dessa forma, há cada vez mais jovens estudantes que sofrem de uma forma ligeira de miopia.
Esta deficiência é facilmente observável, já que a criança afectada aproxima excessivamente os olhos dos livros ou dos cadernos, ou tem tendência para ficar, por exemplo, demasiado perto de um aparelho de televisão. Nesse caso, o que se deve fazer? Antes de mais, é necessário consultar um oftalmologista. Muito provavelmente, este receitará lentes de correcção. A criança deverá colocar os óculos na sala de aulas, para ver ao longe, mas convém providenciar-lhe numerosos períodos de descanso e de exercício físico, de preferência no exterior, os quais lhe permitirão descontrair o corpo e o espírito e também os olhos.
Além disso, existe uma série de exercícios simples, que visam uma maior precisão dos movimentos dos olhos, para que o fixar da vista, indispensável à leitura, seja mais fácil. Muitas dificuldades de origem visual, que dizem respeito tanto à leitura como à escrita, poderiam ser evitadas ou, pelo menos, muito reduzidas, graças a esta simples educação visual. Por isso, não hesite em solicitar, ao oftalomologista ou ao médico de família, as informações necessárias sobre esses exercícios.
A partir de um certo grau de miopia e, sobretudo, se se tratar de uma miopia que parece destinada a aumentar, os especialistas recomendam, mesmo para as crianças, o uso de lentes de contacto rígidas (permeáveis), porque o desenvolvimento da percepção visual poderá processar-se de forma mais normal. Além disso, as lentes de contacto permitem, na maioria dos casos, um afrouxar da evolução da doença. Mas é verdade que o uso de lentes de contacto exige manipulações e cuidados que as crianças nem sempre são capazes de assegurar. Cabe-lhe a si decidir.
Desde o nascimento, observe se a criança é capaz de fixar um objecto, de seguir uma pessoa em movimento, de pegar convenientemente num brinquedo que se lhe estende, se se interessa pelo que a rodeia, se se orienta sem dificuldade no espaço, se a atitude da cabeça é normal. Não hesite em partilhar as suas eventuais dúvidas com o pediatra ou o médico de família.
Sinais especialmente suspeitos de problemas de visão
- a criança franze as sobrancelhas e baixa as pálpebras para ver ao longe;
- pisca frequentemente os olhos;
- põe-se a fazer desenhos (e, mais tarde, a ler) com os olhos em cima da folha;
- vira a cabeça de lado para ver uma imagem (ou para ler).
De qualquer forma, faça com que a acuidade visual do seu filho seja examinada pelo médico, logo que entrar para o jardim infantil, bem como por altura de eventuais dificuldades escolares. Mais tarde, dê-lhe a possibilidade de brincar ou, melhor ainda, de praticar um desporto ao ar livre, que lhe permita descontrair, e vele para que ele assuma posições correctas quando sentado, com o olhar a uma distância suficiente dos textos.
Faça com que o seu local de estudo esteja bem üuminado, colocando-lhe as fontes de luz a uma distância adequada: por exemplo, uma lâmpada de 60 W a 60 cm; evite os encandeamentos e os contrastes acentuados. Caso sejam necessários, escolha uns óculos relativamente robustos, mas não excessivamente pesados, de um modelo cuja forma seja, de preferência, subida, de modo que, mesmo na eventualidade de os óculos escorregarem um pouco, a criança não possa olhar por cima deles.
Não hesite em pedir regularmente ao oculista para os reajustar. E, sobretudo se a criança tiver de usar os óculos durante o dia inteiro, prefira, em vez das lentes minerais (de vidro), as lentes de plástico (orgânicas) inquebráveis.