O grão de bico ocupa a cabeça da rotação na cultura contínua, tanto na pequena como na média e grande lavoura. Exemplo: 1º ano, alqueive de verão, grão de bico; 2º ano, trigo; 3º ano, fava, e charruada ao tirar da fava; 4º ano, trigo; 5º ano, tremês ou cevada. Onde a oro-banca não permite a cultura da fava no terceiro ano cultiva-se tremês ou cevada, e termina a rotação.
Na grande cultura, um pouco extensiva: 1º ano, alqueive de verão, de outono ou de inverno, ou um pouco de cada um e grão de bico; 2º ano, trigo; 3º ano, tremês ou cevada nas terras melhores ou que foram estrumadas; 4º ou 5º e 6º, pastagem.
Em geral, só uma parte da folha de alqueive, na grande cultura, é semeada de grão de bico por não haver tempo de preparar devidamente toda a folha para esta cultura. Os alqueives mais serôdios, mais mal preparados ou das terras menos próprias para o grão de bico são cultivadas de chícharo ou de gero ou ficam de alqueive em preto ou de nada quando não levam ou não são próprias para milho.
Como exemplo de rotações onde entre o grão de bico usadas no estrangeiro indicaremos algumas das usadas na Itália.
No Norte usam em rotação quadrienal: grão de bico, trigo, trevo pratense e trigo, ou em rotação quinqüenal: grão de bico, trigo, anafa dois anos e trigo. No Sul, na Apúlia, em clima idêntico ao do Alentejo: grão de bico, trigo, aveia ou cevada, seguindo-se um a dois anos de pastagem ou voltando novamente ao alqueive com grão de bico.
Cultura consociada ou intercalar
No Baixo Alentejo o grão de bico é cultivado em cultura estreme, e só raramente em cultura intercalar nas vinhas em decadência, nos montados de fraca densidade e nos olivais, ou consociado com o milho.
No Algarve é consociado com a amendoeira, a figueira e a alfarrobeira.
Noutras regiões, porém, onde a cultura em geral é feita em menor escala e manualmente, quase como cultura hortícola, o grão pode ser consociado com o milho, com o feijão, com o meloal de sequeiro ou com culturas arbóreas e arbustivas.
Mesmo no Sul semeiam alguns o grão nos olivais, mas eu acho prejudicial à oliveira esta consociação intercalar, visto o grão ter raiz aprumada que vai até às camadas profundas do solo buscar a umidade e os elementos nobres que ficam fazendo falta à oliveira. O mesmo se pode dizer em relação à cultura intercalar na vinha, tanto mais que o grão se desenvolve na primavera e princípio do verão, quando a umidade do terreno faz falta para as necessidades vegetativas das outras culturas.
Assim, a consociação nas regiões áridas ou sub-áridas é prejudicial às duas culturas, cujas produções se ressentem com esta prática.
Trabalhos preparatórios
O trabalho preparatório, clássico e melhor para a cultura do grão de bico, e o que esta cultura mais agradece, é a charruada de verão, nas terras argilosas e argilo-calcáreas, com potentes máquinas de lavoura mecânica. De grande utilidade para o grão seria a sub-solagem feita com charrua apropriada, principalmente quando o alqueive é feito a gado, mas esta prática, que nalgumas regiões do Norte e Centro já se vai usando para a cultura do milho, ninguém usa ainda nesta região.
Nas charruadas de verão, nos barros, devemos fazer uma gradagem e uma lavoura de atalho, logo que as chuvas do outono ou do inverno tenham passado bem os torrões, e nova gradagem antes da sementeira.
Nas terras charruadas depois do verão devemos também fazer uma lavoura de atalho, cruzada com a primeira, e uma gradagem antes da sementeira.
O grão de bico necessita de encontrar a terra bem mobilizada até uma boa profundidade, 40 ou 50 cm. ou mais se possível fôr, para que a sua raiz aprumada possa atingir as camadas mais fundas do solo e utilizar a umidade ali retida durante o verão.