O que é considerado como boa qualidade de vida numa determinada época vai-se modificando à medida que a ciência e a tecnologia avançam, a saúde e a habitação se desenvolvem, o poder económico melhora e os conhecimentos sobre caridade e humildade se aperfeiçoam. Assim sendo, o que há alguns anos era considerado como boa qualidade de vida, poderá já não o ser actualmente, como refere F.Cabral (1992), “As necessidades dos consumidores evoluem de forma natural, com uma dimensão histórica e cultural, fazendo com que aquilo que há anos atrás era considerado como
um nível de vida aceitável já não o ser hoje.
”Neste contexto, qualidade de vida apresenta-se como um conceito moderno e em constante evolução. Na perspectiva cultural qualidade de vida é um conceito intimamente ligado com a educação na infância, nesta fase da vida os pais transmitem aos filhos hábitos e valores próprios inerentes ao meio cultural onde estão inseridos (exemplo: tipo de vestuário e modo de o usar, tipo de alimentação, relacionamento social, hábitos religiosos…), esta realidade vai influenciar a personalidade individual da criança, que, quando adulta provavelmente adoptará estilos de vida semelhantes aos dos seus progenitores.
Efectivamente se acontecer mudança de país, poderá dar-se aculturação e nesse caso o que se preconiza no novo país como qualidade de vida a nível cultural será o impulso para a adaptação. Os média também exercem influência na qualidade de vida a nível cultural, pois, tendo em atenção a cultura da população alvo, publicitam, a toda a hora, aquilo que supostamente é imprescindível para ter qualidade de vida. Daí que, tal como refere A.Walter, (1992),“ existe uma ligação estreita entre qualidade de vida e comunicação ou, pelo menos, com a publicidade, criando e impondo necessidades, em nome da qualidade de vida. É, no entanto, no domínio do lazer e do estatuto social que a publicidade mais tenta captar e impressionar os destinatários, por ser através do acesso ao supérfluo e do chamado direito ao prazer que uma parte significativa da população sente atingir a qualidade de vida.” Resta esperar que os indivíduos inseridos na sociedade estejam atentos e mantenham discernimento crítico perante a publicidade.
No contexto de tudo o que foi dito, considero que a noção de qualidade de vida nesta perspectiva é importante no contexto de reflexão bioética na medida que intervém com solicitude no que concerne à ausência de respeito dos indivíduos pelas outras culturas.