Quando se tenta definir qualidade de vida há uma tendência para fazê-lo de forma muito genérica e para relacioná-la com a área da saúde, neste caso, através de aspectos associados a patologias ou intervenções de saúde específicas.
Quando a qualidade de vida é relacionada a aspectos associados a patologias, é utilizada como um indicador para avaliar a eficiência, a eficácia e o impacto de alguns tratamentos aplicados a grupos que apresentam determinada patologia e torna-se importante averiguar previamente a saúde da população.
No caso desta apresentar alguma alteração em termos de saúde é de todo pertinente investigar os actores etiológicos, a intensidade e o prognóstico da doença. Neste âmbito, Marcelo Fleck et al (1999, 20) consideraram que “…a oncologia foi a especialidade que por excelência, se viu confrontada com a necessidade de avaliar as condições de vida dos pacientes que tinham a sua sobrevida aumentada devido aos tratamentos realizados, já que, muitas vezes, na busca de acrescentar anos à vida, era deixada de lado a necessidade de acrescentar vida aos anos.”
Quando a qualidade de vida é relacionada a intervenções de saúde específicas é utilizada como um indicador nas avaliações clínicas de doenças específicas, o que para Eliane Seidl e Célia Zannon , (2004, se trata “…da avaliação do impacto físico e psicossocial que as enfermidades, disfunções ou incapacidades podem acarretar para as pessoas acometidas, permitindo um melhor conhecimento do paciente e de sua adaptação à condição.”
Na perspectiva biológica qualidade de vida será então considerada como a percepção que o indivíduo possui da afecção física, a capacidade que supõe ter para realizar determinadas tarefas, as quais, antes de se terem efectuado mudanças no seu estado de saúde, realizava sem dificuldade. Porquanto, muitas vezes, que um indivíduo percepciona não é congruente com a realidade logo, e ainda nesta perspectiva qualidade de vida é também a afecção física e a capacidade real que o indivíduo tem para realizar determinadas tarefas, as quais, antes de se terem efectuado mudanças no seu estado de saúde, realizava sem dificuldade.
Efectivamente para OMS (1947) saúde é “…o estado completo de bem-estar físico, mental e social e que não consiste somente numa ausência de doença ou de enfermidade.” Para Marco Segre e Flávio Carvalho Ferraz, (1997) esta definição parece estar desactualizada, não só porque visa uma perfeição inatingível mas, também, porque saúde será, antes de mais, um estado de bem-estar físico, mental e social, apesar das adversidades da vida e não apenas ausência de doença ou enfermidade. Torna-se assim necessária a revisão do conceito de saúde da OMS.
Ao reflectir sobre saúde torna-se pertinente reflectir sobre qualidade de vida na perspectiva biológica, e também, sobre bioética: qualidade de vida é importante no contexto de reflexão bioética pois intervém com solicitude no que concerne à dor e/ou sofrimento das pessoas e também no que concerne à universalidade e acessibilidade de assistência adequada, na exigência de implementação dos princípios de beneficência, da não – maledicência e da justiça.